É muito comum ouvir uma frase dos familiares, ou mesmo dos pacientes, quando indico a internação, por ser algo novo para a família, por ter um estigma muito grande, a pergunta que ouvimos com frequência é: precisa mesmo? É seguro? Meu familiar vai ser bem tratado aqui? Enfim, uma série de dúvidas que considero naturais. E eu sempre respondia: sim, é seguro, confie na gente, deixe-nos fazer o nosso melhor e resumia dizendo que se fosse um familiar meu, eu o internaria aqui. Pois bem, chegou a vez de um familiar muito próximo precisar de internação, foi no início de 2017. Ele não mora aqui em Santa Catarina e, naturalmente, a família me procurou para saber o que faria e eu não tive dúvida de bancar o que durante anos repetia para as famílias: respondi para trazer o familiar para cá, porque eu conheço a casa, sei a qualidade do trabalho, o quanto podemos ajudar e a internação foi de excelente sucesso, mudou a vida da pessoa significativamente, que de um ano para cá se recuperou e voltou a atingir o nível de funcionamento que tinha antes de adoecer. Pude vivenciar o que eu dizia para as famílias dos meus pacientes. Isso foi muito marcante para mim, ter o hospital como um aliado, não apenas o hospital onde trabalho. Naturalmente não me envolvi como profissional naquela internação, mas como familiar. Foi muito tranquilo. Poder viver o Instituto como familiar deixou ainda mais claro para mim o quanto essa casa é organizada! Foi muito engrandecedor participar daquela jornada e viver um papel que até então era apenas teórico para mim.
Henrique Fogaça
psiquiatra