Depoimentos

O maior desafio é ressocializar o paciente, por isso, o trabalho nesse sentido inicia quando o doente chega à instituição. Queremos que ele tenha autonomia para que seja respeitado quando retornar à sociedade. Não desistimos. Nem mesmo da família, que em geral chega aqui desestimulada, mas ela é acolhida pelo serviço social e inserida no processo.

Um episódio me marcou muito quando eu era estagiária e acompanhei um paciente com diagnóstico de esquizofrenia num passeio a pé pela vizinhança do hospital. Ele era apaixonado por relógios e quis comprar um numa lojinha. Colocou no balcão todas as moedas que trazia e ficou muito emocionado quando – com a minha ajuda e da enfermeira Maria Júlia – pode comprar o seu objeto de desejo. Era visível a felicidade e o brilho no olhar e a balconista foi maravilhosa e, sem discriminá-lo, atendeu com toda a gentileza e paciência. Aquela compra foi um marco para ele, que se sentiu fazendo parte da sociedade e da vida normal novamente. Ele não usava o relógio, mas o mostrava para todos que entravam na Unidade. Foi emocionante, marcante!

O trabalho realizado pelo Instituto São José é importantíssimo porque valoriza o paciente com o objetivo de ressocializá-lo, atuando para resgatar a sua saúde num espaço adequado, cuidadosamente planejado e com equipe altamente qualificada.

O Instituto São José é muito importante para a saúde e para sociedade catarinense por ser referência no tratamento de doenças mentais e dependência química. Aqui ele recebe auxílio de uma equipe interdisciplinar composta por profissionais altamente qualificados, que tratam o paciente com respeito e carinho, sendo firmes quando necessário, mas sempre com a indispensável empatia. Esforçamo-nos para reconstruir seus vínculos, especialmente os familiares.

Descrevo o Instituto São José como determinante para a sociedade por sua proposta inovadora no tratamento das doenças psiquiátricas, com todos visando o melhor para o paciente e num ambiente agradável e bonito, onde não se sentem presos. As instalações preveem atividades o tempo todo, palestras educativas e informações que os ajudarão a voltar para a sociedade levando uma vida o mais normal possível.

Um paciente que é atendido aqui, tem a oportunidade de ser acolhido, compreendido em pleno surto e tratado corretamente. Aqui ele não é julgado, mas cuidado em todos os aspectos, até que perceba como a lucidez é importante. Lamentavelmente, a psiquiatria é discriminada pela falta de conhecimento, quando deveria ser disciplina de currículo escolar já no ensino médio. Tratar o doente mental com dignidade é uma questão de cidadania. E os diferenciais do ISJ são o comprometimento com o saber científico na busca de qualificação e aperfeiçoamento e os recursos que possibilitam a constante busca pelo melhor. Além disso, os profissionais daqui são apaixonados pelo que fazem. Trabalham com amor, a começar pela diretoria, que é um grande exemplo para nós.

Lidar com a doença nunca foi fácil. Foram muitas noites sem dormir e dias em que ele não se alimentava. Mas depois de diagnosticado procuramos o Instituto São José e foi um grande alívio. Ele já foi internado dez vezes, porque interrompia o tratamento medicamentoso. Na primeira internação, chegou a colocar fogo na lixeira, na tentativa de ser expulso, no entanto, ele foi ainda mais acolhido e mais cuidado. Hoje ele mesmo percebe quando precisa de ajuda e procura se internar, porque sabe que ficará bem. Nós, familiares, sofremos muito quando deixamos um parente numa instituição psiquiátrica, mas quando percebemos o tratamento diferenciado que eles oferecem no Instituto São José, podemos voltar para casa para descansar e cuidar de nós, da nossa saúde, porque também adoecemos. O ISJ tem muitos diferenciais. Os pacientes recebem atendimento especial, humanizado de fato, e por parte de todos, desde quem cuida da limpeza, da alimentação e recepção, até os médicos e demais profissionais da saúde, sem distinções, preconceitos ou julgamentos. Todos estão ali para ajudar, com empatia e capacitados para entender quando os pacientes estão muito agitados ou agressivos. Para meu filho, o ISJ é sinônimo de acolhimento no meio daqueles lindos jardins, bem planejados e seguros. Sei que posso deixar o meu filho lá e voltar para casa com a confiança de que ele está em ótimas mãos.

Em 1974, eu estava terminando o segundo grau, com 18 anos, quando vim trabalhar como atendente de enfermagem. Foi meu primeiro emprego, achei que seria algo provisório, que ficaria por pouco tempo. Mas o relacionamento, o sistema de administração, a seriedade, a porta sempre aberta para conversar, tudo me conquistou. Depois de alguns anos, fui convidado a tocar a cozinha do instituto são José, com uma equipe de mais ou menos 25 pessoas. Depois fui para o almoxarifado e, por fim, fui coordenador de patrimônio. É uma empresa que cresceu muito. Sinto saudades do camarão do dr. Bertelli, que ele preparava no final do ano para a equipe. O futebol de segunda à noite também era muito gostoso, durou muitos anos. Mas as coisas mudam, tudo são fases.

Aos 20 anos de idade, quando disse que trabalharia no Instituto São José, muitos ficaram impressionados, porque morava perto da Colônia Santana e acreditávamos que este também era um hospital para loucos e com celas. Mas o que desde o início eu encontrei foi uma estrutura e um trabalho inovadores e me encantei. Nesses 31 anos aqui, mais que aprendizado pessoal e profissional, pude testemunhar a evolução da psiquiatria. O Instituto São José é referência de hospital psiquiátrico para todo o estado e acho que também para o país. Em Santa Catarina não existe psiquiatria como aqui. Creio que um dos grandes diferenciais esteja no aconchego, na forma como os pacientes são recebidos e tratados, aqui não é pesado. O paciente não precisa apenas de medicamento, mas de uma estrutura completa, equipe interprofissional e área física com uma beleza que colabora na recuperação e socialização de quem está se tratando. Encontrei meu lugar aqui. Evoluí junto com o hospital. Aposentei-me há cinco meses e fui convidada a ficar. Aceitei porque não me imagino parar, isso é o que me move. Amo o que faço.

Nos dias atuais, percebemos a importância e peça fundamental que é ter uma gestão de pessoas bem estruturada dentro da organização, para traçar meios de como se relacionar com os colaboradores e realizar um dos pontos mais importantes que é o “cuidado ao cuidador”. A nova gestão de pessoas do ISJ tem como grande desafio desenvolver projetos e ações para valorizar, reter, acolher, reconhecer e melhorar a integração e a capacitação dos colaboradores. A ideia é realizar um trabalho em conjunto com o gestor de cada área, pois é muito importante a sua participação nos projetos dentro da instituição, trazendo suas realidades do dia a dia e sugestões para desenvolver a equipe.